sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A “doce” vida dos Pit Bulls.




AMADOS,

CONHECI O JOSÉ RIBEIRO DE UMA FORMA MUITO INCOMUM E FICAMOS AMIGOS, DESCOBRI NELE UMA SENSIBILIDADE MUITO BONITA AO ESCREVER SOBRE A VIDA DO SER HUMANO. DIVIDO AQUI COM VCS UMA ENTREVISTA FEITA POR ELE COM OUTRA GRANDE AMIGA: A PAMELA.

Título: A “doce” vida dos Pit Bulls.
Texto: José Ribeiro Rocha
Fotos: Verônica Partinski

Naquela interminável tarde cinzenta de inverno, enquanto São Paulo evocava tardes menos frias, num cantinho, num banquinho da Praça dos Cachorros, como eles a chamam, encontrava-se sentada com os braços abertos e pousados sobre o encosto de concreto, uma jovem de cabelo ruivo e aparentemente sem rumo e sem destino certo. Seus olhos grandes e da cor da tempestade de verão, de tempo em tempo, se prendem no horizonte de concreto como quem lança seus pensamentos no passado de um tempo tão saudosista e tão bom quanto se fora.
Boa parte de seus dias são ali mesmo, entre árvores verdes, flores coloridas, cimento sem vida, buzinas desesperadas e muita poluição num dos bairros mais caros da cidade de São Paulo: o Jardim Paulistano. É bem ali, no pé do Túnel Nove de Julho em direção a área nobre que Pâmela se abriga dos dias chuvosos e entre as colunas, num improvisado pedaço de chão, onde encosta sua cabeça para dormi; entretanto, aos seus pés estão eles, três filhos seus muito especiais. “Eles tem ciúmes e não deixa ninguém chegar perto de mim quando estou dormindo”, conta.
Seus três filhos, Klara (Pit Bul), Brenda (Pit Bul) e Toby, são belos e fortes ao ponto de provocar medo nos apressados transeuntes na Avenida Paulista. Não há nada capaz de fazê-los sentir-se jogados e solitários com ar de abandonados. “Os três são meus filhos e não os vejo como bicho apenas”, conta pestanejando como quem aponta. Eles têm olhos vistosos, pêlos brilhantes e vigorosos. Em nada lembram o que a vida de morador de rua impõe à maioria deles: desilusões, abandono e maus tratos. As razões para Pâmela estar ali pouco importa, senão, sua dedicação para seus melhores amigos.
Klara, Brenda e Toby, assim como os cachorros de madames, freqüentam pet shop, tomam vacina, comem ração de primeira, vão ao veterinário e são castrados. Tomada pela emoção de mãe diz que deixa de comer para ter sempre ração quando sentirem fome e em troca está sempre sob vigilância. “Se alguém chegar perto da minha bolsa e eu estou distraída eles atacam sem piedade”, reforça. Todos os dias eles fazem, no mínimo, as três refeições, contudo, comem mais de quatro vezes ao dia e ainda recebem visitas periódicas de moradores locais.
A lúcida Pâmela sorri e em nada lembra os muitos solitários moradores de rua ao ponto de ter a voz embargada, com dificuldade para formar palavras que paulatinamente perde o sentido por conta das drogas; está sempre alerta e em condições de ajudar novos desabrigados que ali em sua praça chegam. Quando passeiam com Pâmela pelo Parque do Trianon, mesmo eles sendo mansos, ela jamais esquece a obrigatória focinheira e leva um saco plástico para recolher suas fezes. “É ridículo as pessoas que levam seus cachorros para passear e não recolhem suas fezes como se tivessem nojo ou é simplesmente para não sujar o chão de suas casas”, lamenta.


Pâmela não desgruda de seus animais nem mesmo aos sábados quando faz um “bico” guardando carros na esquina das Ruas Alameda Santos com a Peixoto Gomide. Esbanja elogios a eles com reverberações saídas do fundo da alma do coração. Definitivamente são seus melhores amigos e ela mesma confidenciou que prefere a eles que os inconsistentes humanos, nem mesmo os que ali vivem ao seu lado há anos e não tem tempo para sofrer de um espinho de amor solitário senão por seus cachorros.

BENDITA SEJA A VIDA DAS PESSOAS QUE AMAM OUTRAS PESSOAS E BENDITA SEJAM AS PESSOAS QUE AMAM OS ANIMAIS. LUV U ALWAYS

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